Necronomicon 1586

Descrição

O Necronomicon, muitas vezes associado a John Dee, é um livro fictício que ganhou notoriedade na cultura popular e no ocultismo, principalmente devido às obras de H.P. Lovecraft. O livro é mencionado em várias histórias de Lovecraft como um grimório de conhecimento esotérico proibido, escrito por um autor árabe fictício chamado Abdul Alhazred. No entanto, o Necronomicon nunca foi um texto histórico real, mas sim um produto da imaginação de Lovecraft.

O Necronomicon e John Dee
A ligação entre John Dee e o Necronomicon é uma construção posterior que mistura elementos de ficção e fatos históricos. Dee foi um matemático, astrólogo e ocultista inglês do século XVI, conhecido por suas contribuições à magia enoquiana e sua ligação com rituais e práticas herméticas. No entanto, Dee nunca teve envolvimento real com o Necronomicon, pois o livro foi criado por Lovecraft no início do século XX.

Como surgiu a conexão?
- H.P. Lovecraft criou o Necronomicon como um artefato literário para suas histórias de horror cósmico, como parte do Cthulhu Mythos. Ele o descreveu como um tomo de conhecimento proibido, contendo segredos sobre antigas entidades e rituais obscuros que desafiam a sanidade humana.
- Em cartas e relatos, Lovecraft mencionou que o Necronomicon foi escrito por Abdul Alhazred, um poeta louco que teria vivido no século VIII e compilado o livro originalmente em árabe sob o título de "Al Azif".
- A versão latina, conhecida como Necronomicon, teria sido traduzida e disseminada pela Europa na Idade Média, sendo eventualmente banida pela Igreja.

A Falsa Tradução de John Dee
- A versão do Necronomicon associada a John Dee é uma invenção posterior que atribui a Dee a criação de uma tradução do suposto grimório.
- Segundo essa lenda, Dee teria traduzido o Necronomicon do árabe para o inglês, provavelmente no final do século XVI. Essa ligação fictícia tenta integrar Dee ao universo ficcional de Lovecraft, colocando-o como uma figura de transição do conhecimento arcano entre Oriente e Ocidente.
- A "tradução de Dee" muitas vezes é vista como uma justificativa para a presença do Necronomicon em língua inglesa em muitas das histórias de Lovecraft.

Análise da Influência de Dee
Embora Dee seja famoso por suas práticas ocultas e sua comunicação com entidades angélicas através da linguagem enoquiana, não há nenhuma evidência histórica que o relacione a qualquer grimório chamado Necronomicon. A associação é uma mistura de fatos (a história de Dee e Kelley) e ficção (o Necronomicon de Lovecraft), o que gerou um mito intrigante, mas sem base real.

Por que essa lenda persiste?
A associação entre John Dee e o Necronomicon é tão atraente porque ambos lidam com temas de magia e mistério:

1. Dee e Kelly supostamente contataram anjos e registraram a linguagem enoquiana, criando um sistema que até hoje é estudado por ocultistas.
2. O Necronomicon é um livro que promete sabedoria proibida e poder, temas que ressoam com o trabalho de Dee como um estudioso que buscava unir ciência e magia.

O Necronomicon na Cultura Popular
Apesar de ser fictício, o Necronomicon se tornou um símbolo de mistério e esoterismo, sendo referido em várias mídias:

- Filmes, como a franquia Evil Dead, onde o Necronomicon é retratado como o "Livro dos Mortos".
- Jogos, como *Call of Cthulhu*, onde o livro é uma fonte de conhecimento arcano que pode levar à loucura.
- Livros e quadrinhos, onde aparece como um grimório de poder proibido.

Considerações Finais
- O Necronomicon não é um livro real e nunca esteve associado a John Dee de forma histórica. Sua suposta tradução por Dee é uma ficção criada para adicionar um ar de autenticidade e mistério ao texto fictício de Lovecraft.
- O próprio Lovecraft sempre insistiu que o livro era uma invenção sua, e nunca houve um "Necronomicon" real antes das histórias de Lovecraft ganharem fama.
- Apesar disso, a lenda do Necronomicon persiste como um exemplo de como a ficção pode influenciar a percepção de eventos históricos e personagens, como John Dee, criando pontes entre o real e o imaginário.

O Necronomicon, com seu status quase mitológico, continua a ser um exemplo fascinante de como o oculto, o esotérico e a literatura se entrelaçam, mesmo quando suas origens são puramente fictícias.